quinta-feira, 24 de março de 2016

Tipos de Deficiência Auditiva

Tipos de Deficiência Auditiva


Gostaria de salientar que o uso do termo "deficiência" no título desta seção é uma escolha controversa, considerando a atitude de muitas pessoas da Comunidade Surda. Mais do que quaisquer dos outros grupos de indivíduos comumente chamados de "deficientes", aqueles que são surdos são muito menos inclinados a pensar em sua condição como uma deficiência.
Surdez não é uma condição de "tudo ou nada". Embora existam pessoas que são completamente surdas, há também pessoas com diversos graus de perda auditiva funcional. Graus de perda auditiva muitas vezes são classificados como leve, moderada, grave, profunda. Habitualmente, aqueles que se dizem surdos têm a perda auditiva severa ou profunda. Aqueles com menor grau de perda auditiva são comumente referidos como audição difícil.


Graus de perda auditiva

Perda Auditiva Leve:
A incapacidade de ouvir sons abaixo de 30 decibéis. Discursos podem ser de difícil audição especialmente se estiverem presentes ruídos de fundo.
Perda Auditiva Moderada:
A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 50 decibéis. Aparelho ou prótese auditiva pode ser necessária.
Perda Auditiva Severa:
A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 80 decibéis. Próteses auditivas são úteis em alguns casos, mas são insuficientes em outros. Alguns indivíduos com perda auditiva severa se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros contam com uso das técnicas de leitura labial.
Perda Auditiva Profunda:
A ausência da capacidade de ouvir, ou a incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 95 decibéis. Tal como aqueles com perda auditiva severa, alguns indivíduos com perda auditiva profunda se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros com uso das técnicas de leitura labial.

Classificações da perda de audição

Surdez por perda Condutiva é o resultado de dano ou bloqueio das partes móveis do ouvido. Os ossos saudáveis de uma orelha interna, os ossículos: martelo, bigorna e estribo vibram em resposta a sons. Certas doenças ou lesões podem levar à incapacidade destes ossos vibrarem adequadamente, impedindo a detecção das informações sonoras.
Surdez do nervo (Surdez Da Cóclea ou do Nervo Auditivo ) ocorre quando o nervo auditivo está danificado, impedindo assim a obtenção de informações auditivas para o cérebro. Os ossos do ouvido interno podem vibrar corretamente mas os nervos são incapazes de transmitir essa informação adequada mente para o cérebro.
Som alto - perda auditiva é como o próprio nome indica, a perda da capacidade de ouvir tons altos. Uma das mais importantes consequências sociais é que vozes femininas são mais difíceis de compreender.
Som baixo - perda auditiva é a incapacidade de ouvir tons baixos. Vozes masculinas são difíceis de ouvir e entender.
Surdo e Cego é a condição onde ocorrem ambos as condições para os surdos e cegos. Os indivíduos que são surdos-cegos muitas vezes se comunicam com a linguagem gestual, mas devem ser capazes de perceber os sinais que a outra pessoa está fazendo, essencialmente através da exploração das mãos enquanto a outra pessoa conversar. Ao acessar o conteúdo da web, eles geralmente utilizam Browser em Braille, dispositivos que lhes permitem o acesso de todos os conteúdos textuais da página web, incluindo texto alternativo para imagens.
refreshable braille device

Causas da perda da Audição

A maior parte surdez ocorre nos primeiros anos de vida, a maioria das vezes é genético ou com causas perinatais. A surdez também pode ocorrer como resultado de infecções do ouvido médio (otite média), que são mais comuns em crianças. Também é possível adquirir surdez com o decorrer da vida, por doenças ou lesões traumáticas. Como adicional  a perda auditiva é parte comum do processo de envelhecimento, especialmente em homens.

Fonte:
http://www.brasilmedia.com/tipos-de-deficiencia-auditiva.html

domingo, 13 de março de 2016

Língua Materna



Você sabe o que é língua materna?

   Língua materna, também chamada de língua nativa ou mãe, é a primeira língua que uma criança aprende. Geralmente é aquela corresponde ao grupo étnico-linguístico com que o indivíduo se identifica culturalmente.

   A língua materna dá-se como princípio cognitivo de um indivíduo, e a aprendizagem de uma segunda língua só é possível quando já existe uma base cognitiva desenvolvida no cérebro do indivíduo.

   Uma criança ouvinte, geralmente, irá aderir a língua falada por seus pais como língua mãe. A criança surda precisará desenvolver uma interação com a família por meio de sinais, principalmente se os familiares forem todos ouvintes. Inicialmente uma criança surda começa a sua comunicação com pequenos sinais, basicamente apontados para o seu objetivo. Posteriormente a comunicação desenvolve-se para leitura labial, aprendizado da língua dos sinais propriamente dita e, se possível, implantes/aparelhos auditivos.


   É importante lembrar que a maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, não sendo expostas à língua gestual do seu país nem, tendo possibilidades de acesso natural à língua oral dos pais. Apesar de necessária para a vida do surdo, ele nunca conseguirá dominar perfeitamente a língua oral, nem conseguirá que ela sirva à todas as suas necessidades, dessa forma a mesma não poderá ser considerada sua língua materna.


sábado, 12 de março de 2016

Origem da Língua de Sinais no Brasil

As línguas de sinais são diferentes no mundo todo e estão na modalidade gestual visual.  Não se sabe ao certo a sua origem, mas o seu uso começou aproximadamente em 1760 em Paris, na França, onde um abade chamado L’Epée fundou a primeira escola para surdos, o Instituto Nacional de Jovens Surdos de Paris. Com isso houve um crescimento de profissionais surdos e ouvintes , e estes espalharam pelo mundo o uso da Língua de Sinais.

Em 1855, Eduard Huet, um educador francês que ficou surdo aos 12 anos em consequência de sarampo, veio ao Brasil a convite de D. Pedro II, e inaugurou no Rio de Janeiro, a primeira escola para meninos surdos do país, que era chamada de Imperial Instituto de Surdos Mudos, hoje conhecida como INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) pela Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857.

A partir da fundação dessa escola, os surdos brasileiros criaram a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) que resultou da mistura da Língua de Sinais Francesa com as formas de comunicação  já utilizados pelos surdos de todo o país. 


quinta-feira, 10 de março de 2016

O que é inclusão?

É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.



O Papel da Libras na Inclusão do Surdo

              A língua de sinais no âmbito acadêmico é reconhecidamente uma língua de modalidade viso – espacial, com todas as condições e características de uma língua viva. Como tal é transparente e icônica, o que significa que mesmo os que não a dominam são capazes de compreendê-la, ainda que superficialmente.
Além disso, não há dúvida que a língua de sinais é a língua natural do surdo, devendo toda a sociedade unir esforços no sentido de oferecer as condições necessárias para que esta língua seja difundida em todo o país, tanto quanto ocorre com línguas estrangeiras.         
No caso brasileiro, esta língua é intitulada Libras (Língua Brasileira de Sinais). A mesma vem sendo difundida desde 1857 e tem sua origem na língua de sinais francesa, sendo trazida para o Brasil através do Conde francês Ernest Huet que era surdo. Aqui, o conde adaptou os sinais franceses, dando origem à Libras. Este sistema foi amplamente difundido e assimilado no Brasil. No entanto, a oficialização em lei da Libras só ocorreu um século e meio depois, em abril de 2002 - nesse período, o Brasil trocou a monarquia pela república, teve seis Constituições e viveu a ditadura militar.
O longo intervalo deve-se a uma decisão tomada no Congresso Mundial de Surdos, na cidade italiana de Milão, em 1880. No evento, ficou decidido que a língua de sinais deveria ser abolida, ação que o Brasil implementou em 1881 (BRASIL, 1997).
A Libras quase mudou de nome e só voltou a vigorar em 1991, no Estado de Minas Gerais, com uma lei estadual. Só em agosto de 2001, com o Programa Nacional de Apoio à Educação do Surdo, os primeiros 80 professores foram preparados para lecionar a língua brasileira de sinais. A regulamentação da Libras em âmbito federal só se deu em 24 de abril de 2002, com a lei n° 10.436.
Pesquisas recentes revelam que a Libras, assim como outras línguas de sinais é comparável em complexidade e expressividade a qualquer língua oral. A Libras é estruturada a partir de unidades mínimas que formam unidades mais complexas. Possui os níveis: fonológico, morfológico, sintático e semântico. Como toda e qualquer língua, aumenta seu vocabulário com novos sinais em resposta às mudanças sociais, culturais e tecnológicas. E ainda, como as outras línguas variam de país para país, e sofrem também variações regionais dentro do mesmo território.

A Libras é composta de um alfabeto manual e de expressões faciais e corporais que se combinam formando algo semelhante aos fonemas e morfemas da língua portuguesa. Os elementos que constituem um sinal são chamados parâmetros. Os parâmetros em libras são: configuração das mãos (são formas feitas nas mãos que podem utilizar o alfabeto manual ou não); ponto de articulação (é o lugar onde incide a mão); movimentos (que podem ter ou não); orientação/direcionalidade (é a direção que o movimento assume); e expressão facial e corporal (são utilizados para alguns sinais).

Comportamento e tecnologia surda


      Há comportamentos e tecnologias incorporados na vida diária da Comunidade Surda, a maioria dos quais objetivam a comunicação, o contato do surdo com o mundo dos sons, e entre eles mesmos a distância, por meio de uma 'agenda surda' bem definida, na qual se destacam: os torpedos9, que, apesar de recentes, vêm se ampliando significativamente; a comunicação por meio de Telefones para Surdos (TS)10 ,para TS (instalados em residências, entidades privadas ou associados a telefones públicos), ou ainda, de TS para uma central de atendimento das empresas de telecomunicações, que se responsabilizam pela intermediação do contato entre uma pessoa que utiliza o TS e outra que não o utiliza (o serviço contempla chamadas tanto de TS para o aparelho convencional, como do aparelho convencional para TS), cujo número, na maioria das capitais brasileiras, é 1402. Em Porto Alegre, há a diferenciação de uma chamada de TDD para aparelho convencional, cujo número é 0800-51-7801, para uma chamada de aparelho convencional para TDD, cujo número é 0800-517802; pagers; bips; fax; a telemática (comunicação via internet por meio de e-mails, chats, listas de discussão, icq, etc); sinalização luminosa para campainhas, telefone, alarme de segurança e detector de choro de bebê; relógios de pulso e despertadores com alarmes vibratórios; legendas ou tela de intérprete na TV intérpretes in loco nas igrejas, escolas, repartições públicas, hospitais, delegacias, comércio em geral etc); adaptação da arbitragem nos esportes, substituindo os apitos por acenos e lenços; entre outros.
      Quanto à LIBRAS, cabe ressaltar a forma como os indivíduos são nela nomeados, atribuindo-se aos sujeitos características físicas, psicológicas, associadas ou não a comportamentos particulares, os mais variados, os quais personificam e, de certa forma, rotulam os indivíduos. É uma língua, como qualquer outra língua materna, adquirida efetiva e essencialmente no contato com seus falantes. Esse contato acontece, normalmente, com a participação nas Comunidades Surdas, aonde a Cultura Surda vai pouco a pouco florescendo e, ao mesmo tempo, se diversificando em seus hábitos e costumes, que, pelos contextos distantes e diferenciados, refletem regionalismos culturais da Comunidade Surda. Nesse sentido, é fundamental o contato da criança surda com adultos surdos e outras crianças surdas para que haja um input lingüístico favorável à aquisição da língua, possibilitado por um ambiente de imersão em língua de sinais.

Você sabia?

NO DIA-A-DIA DA PESSOA SURDA, HÁ JOGOS, TÉCNICAS, BRINCADEIRAS E COMPORTAMENTOS INTERATIVOS, ORA ADAPTADOS DE JOGOS DE OUVINTES, ORA CRIADOS PELA PRÓPRIA COMUNIDADE SURDA.
EX:
v  O jogo “escravos de Jó” foi adaptado por normalistas Surdos no curso normal do programa Surdo Educador, privilegiando o ritmo com que as “pedrinhas” são passadas de  um a outro em detrimento da melodia;
v  A conhecida técnica do telefone sem fio também foi adaptada, de forma que os participantes fazem uma fila indiana, e a pessoa que dita a frase ocupa a última posição na  fila cutuca o participante à sua frente, o qual se vira e vê a frase falada em língua de sinais. Em seguida, este cutuca o participante à sua frente, o qual se vira e repete  a frase que lhe foi passada. Assim, sucessivamente, repete-se a frase até o final da fila, quando o último repete a todos a frase que recebeu;
v  A forma como rezam a oração do Pai Nosso também é interessante: enquanto ouvintes se dão as mãos, os surdos unem os seus pés para poderem partilhar em “voz alta” (com a língua de sinas) da oração universal do cristianismo.

Cultura Surda na educação de surdos

     Antes de se tratar das implicações da Cultura Surda na educação e vice-versa, é relevante ressaltar que a cultura de uma dada sociedade não se constrói a partir dos processos de escolarização dos conhecimentos, entretanto tais processos contribuem para a constituição de diferentes significados culturais. Longe de minimizar o significado da língua de sinais na vida do surdo, é interessante ressaltar que pesquisas sustentam que 'se uma criança surda puder aprender a língua de sinais da comunidade surda na qual será inserida, ela terá mais facilidade em aprender a língua oral-auditiva da comunidade. A possibilidade de ser plenamente multicultural é ter oportunidades nos dois mundos, surdo e ouvinte. A língua de sinais, uma vez entendida como a língua materna do surdo, será, dentro da escola, o meio de instrução por excelência.
     A instrução deve privilegiar a 'visão', por meio do ensino da língua portuguesa escrita, que, por se tratar de disciplina de segunda língua, deve ser ministrada em turma exclusiva de surdos. 'É preciso que os profissionais envolvidos com o ensino de língua portuguesa para surdos, conscientes dessa realidade, predisponham-se a discutir constantemente esse ensino, buscando alternativas que permitam ao surdo usufruir do seu direito de aprender com igualdade, entendendo-se, no caso do surdo, que para ser 'igual' é preciso, antes, ser diferente. Recomenda-se que a educação dos surdos seja efetivada em língua de sinais, independentemente dos espaços em que o processo se desenvolva.      Assim, paralelamente às disciplinas curriculares, faz-se necessário o ensino de língua portuguesa como segunda língua, com a utilização de materiais e métodos específicos no atendimento às necessidades educacionais do surdo. Nesse processo, cabe ainda considerar que os surdos se inserem na cultura nacional, o que implica que o ensino da língua portuguesa deve contemplar temas que contribuem para a afirmação e ampliação das referências culturais que os identificam como cidadãos brasileiros e, conseqüentemente, com o mundo da lusofonia, exatamente como ocorre na disciplina língua portuguesa ministrada para ouvintes, que têm a língua portuguesa como língua nativa.

     As crianças surdas desconhecem os processos e os produtos que determinados grupos de surdos geram em relação ao teatro, ao brinquedo, à poesia visual e à literatura em língua de sinais em geral, à tecnologia etc. Dessa forma, deve-se proporcionar às crianças surdas o contato com processos e produtos elaborados por grupos de surdos, como teatro, brinquedo, poesia visual, literatura em língua de sinais, tecnologia. Elas têm 'o direito à entrada na Comunidade Surda e ao acesso a seus processos culturais, sem nenhum condicionamento. As políticas lingüísticas, do conhecimento, das identidades são, por sua vez, uma parte indissolúvel dessas potencialidades ou direitos. Cabe à família e à escola contribuir para que esses direitos sejam respeitados. O processo de alfabetização de surdos tem duas chaves preciosas: o relato de estórias e a produção de literatura infantil em sinais (não sistemas de comunicação artificiais, português sinalizado, ou qualquer outra coisa que não seja a Língua de Sinais Brasileira (LSB).
     Recuperar a produção literária da comunidade surda é urgente para tornar eficaz o processo de alfabetização. A produção de contadores de estória, de estórias espontâneas e de contos que passam de geração em geração são exemplos de literatura em sinais que precisam fazer parte do processo de alfabetização de crianças surdas. O papel do surdo adulto na educação se torna fundamental para o desenvolvimento da pessoa surda. É preciso produzir estórias utilizando-se configurações de mãos específicas, produzir estórias em primeira pessoa sobre pessoas surdas, sobre pessoas ouvintes, produzir vídeos de produções literárias de adultos surdos. Uma outra questão relevante na alfabetização de surdos diz respeito à sua escrita. Em princípio, vem-se, há anos, no Brasil, alfabetizando surdos em língua portuguesa e reforçando a Escrita Surda numa interlíngua que apresenta, geralmente, a estrutura da língua de sinais com vocabulário de língua portuguesa.
     
     Reflexões sobre a alfabetização de surdos sugerem, entretanto, que a alfabetização destes deva se realizar, inicialmente, em língua de sinais. E uma proposta de ensino ainda incipiente no Brasil, mas, sem dúvida, um caminho que emerge aos poucos e timidamente, por meio da tecnologia oferecida pelo signwriting™ ou língua escrita de sinais. Acredita-se que o signwriting é uma forma de agregar as tecnologias educacionais empregadas no ensino de surdos, além de tornar perenes e sólidas suas idéias, confirmando, reforçando e ampliando a 'marca surda' de pertinência no mundo e, quem sabe, por meio dela, a História Surda se construa e se sustente sobre a 'voz' da maioria surda, definindo-se e estabelecendo, enfim, a Cultura Surda pelo próprio surdo, por ideal, por opção, por convicção, por SER SURDO.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
— ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS, Caminhos para a Prática Pedagógica, vol1.
—FELIPE, t. & MONTEIRO, M. LIBRAS EM CONTEXTO. BRASIL: MEC/SEESP, 2006.